Mae
Quando nasceu, era uma criança linda.
Loirinha, com olhos achinesados, passeava com gatos cinzentos ao colo e apanhava florzinhas brancas em molhinhos.
Na minha mente, ela surge a correr, escaniçada, na praia, com longas melenas brancas e pernas esguias e muito magrinhas.
Imagino-a ao ritmo de um Super8, com tons technicolor e com risinhos nervosos a ecoarem pela casa fora.
Vejo-a através dos seus desenhos, da sua letrinha perfeitinha nos livros da escola, dos bonecos que herdei, nao muitos anos depois.
Penso de como terá sido ter 18 anos e 8 meses na barriga, exactamente no dia de hoje, há 26 anos atrás.
Coragem.
Vejo-a, depois, a cantar-me a 'morena de angola', a tocar 'o leaozinho' na viola, a desenhar gatos e caes em livrinhos pequeninos, a enchugar-me saídinha da banheira depois de horas dentro do banho, com os dedos encarquilhados e o frio invernal daquela casa grande a entrar-me pelo corpo adentro.
Lembro-me dela com a minha idade, com grandes cabelos loiros, a comer maças entre as aulas, os projectos e os amigos.
Vejo-a a defender-me perante o meu pai, a discutir com ele inutilmente e a desesperar perante tantas coisas contra as quais nao pôde fazer nada.
Lembro-me de chorar pela primeira vez ao seu ombro por um palerma qualquer.
E sei que estamos tao proximas que por vezes é impossível tocarmo-nos.
É a minha mae.
Que faz hoje anos. Nao muitos.
Que está feliz no Alentejo, entre a Maria, os amigos, muitos caes, boa comida e lindas vistas
Que para o ano, neste dia, esteja ainda mais.
Parabéns Mae!
1 comment:
Pero que linda que tu está asi verde guapa! Questo es un canchondeo... o seremo nosotro los tio'que somo muy pesaos!
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