Turner Prize

Há coisas que me deprimem profundamente.
Coisas que para um grande número de pessoas nao têm o menor significado.
Tal como eu, que permaneço indiferentemente feliz e contente quando Portugal perde um jogo no Mundial.
Neste caso, que uma pintora mediocre chamada Tomma Abts vença o Turner Prize e com isto ganhe 25 mil libras, faz-me estar mal.
Depois, que um jornal respeitável como o Guardian faça um artigo em que sublinha que o vencedor do Turner Prize deste ano é um mulher e é pintora... Que me importa que seja mulher? Qual é a diferença entre homens e mulheres artistas? Que me importa que seja uma pintora?
O que realmente me afecta é que seja uma péssima artista a dar o exemplo daquilo que deve ser a arte contemporânea aos milhares de pessoas que nao se interessam o suficiente de arte para perceber que aquilo alí é pura porcaria visual e o resultado de sujas engrominâncias pseudo-mafiosas de directores de museus que querem satisfazer a vontade de muitos e mostrar que a pintura ainda merece respeito.
Estou enojada, irritada, de mau-humor.
Em vez de gastar as minhas energias negativas a escrever um simpático artigo sobre este acontecimento, preferi brindar-vos com este suspiro cheio de angústia. Nada de artigo, quem achar bem que fale, eu nao vou perder o meu latim com esta senhora e com estas obras, sucedânios vazios e deslocados de reflexoes modernistas fora do tempo e fora de qualquer contexto. Sem qualquer beleza, sem qualquer conceito, sem qualquer profundidade, totalmente desprovidas de inteligência, de humor ou de graciosidade. Sem nada. Mas com 25.000 pounds, que sao cerca de 38.000 euros. Nao quero fazer a conta aos escudos ou ainda me mando da janela.

Enfim, como se diz em bom italiano, ma vaffancullo!

( Tomma Abts
Ert, 2003
Acrylic & oil on canvas
48cm x 38cm
Boros Collection, Berlin)