O Verão Sublimado
Hoje não parou de chover por um segundo que fosse. Ontem também não. E o mesmo na segunda-feira.
The rain in Spain stays mainly in the plain! Bernard Shaw motherfucker, é no teu país que a chuva não deveria saír das planícies, e não me venhas cá com falinhas mansas para educar miúdas incultas e tapar o sol (que não existe) com a peneira (que é inútil, de tanta núvem que cobre o céu).
Voltando ao meu momento de auto-compaixão: das janelas do meu pequeno esconderijo, algures numa ruela húmida e cinzenta de Londres, vejo o mundo lá fora com o olhar de um gato amuado. Quando as núvens se afastarem, pego em mim e vou com um grande sorriso nos lábios comprar um papel de parede decorado com uma paisagem idílica: palmeira curvada, areia branca e àgua cristalina incluídas. Depois forro a casa toda e sobretudo as janelas, com este bonito motivo. E cada manhã será celebrada com glória e euforia: sentirei que, afinal de contas, esta cidade ranhosa é linda. Tão linda que até se parece às Maldivas, onde eu nunca estive.
Se Lacan tivesse nascido neste belo país, em vez de se preocupar com as mulheres, teria escrito 'o verão não existe'.
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