parvoeira nacional
De repente a bandeira nacional tornou-se num símbolo desportivo e de orgulho. Nem no Estado Novo havia tanto amor pelos panos verdes e encarnados.
De repente toda a gente tem uma bandeira à janela, pendurada no carro, atada à cabeça, por cima da televisão e onde mais couber.
De repente as mulheres gostam de futebol, comentam jogadas, equipas e sobretudo jogadores. Juntam-se para fazer bandeiras, vão ver os jogos com os amigos e pulam efusivamente a qualquer sintoma de emoção.
De repente ninguém tem outro tema de conversa, divaga-se horas sobre questões totalmente inúteis e discute-se a inutilidade pura.
De repente fala-se mais do Cristiano Ronaldo do que qualquer outra figura nacional e gerou-se uma adoração generalizada em torno à sua figura.
Não tenho nenhuma antipatia particular pelo futebol, mas sim a um desporto tornado um produto de marketing para desgraçados deprimidos sequiosos de qualquer entretenimento.
Pão e circo é tudo o que é preciso para manter o povo entretido, afirmou Nero.
Quanta razão tinha um piromaniaco megalómano!
E não percebo esta euforia geral, de nenhuma das partes.
Eu, se gostasse muito de futebol ficaria muito irritada em ver toda uma multidão a querer partilhar comigo uma paixão em versão histéria e descabida.
Mas não gosto.
E em geral nem me afecta e sou bastante tolerante para com o gosto dos outros.
Mas quando as alusões ao futebol invadem todo e qualquer lugar onde possa ir e para onde possa olhar, penso que mais do que um desporto, o futebol virou um tirano aclamado euforicamente pelo povo.
O que revela o deserto em que se encontra o estado da nação.
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