Monday, October 23, 2006

Alberto Caeiro

hoje li isto e vi-me (na sequência do pensamento narciso) ao espelho:

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.


Ps: Domingo chuvoso, entre bricklane, old street e camdem town.
as saudades das torradas, essas, continuam.

7 comments:

Nelson Reprezas said...

Vai ao market (Camden market) e compra um baguinho de arroz com o teu nome gravado. Está muito "visto" mas pelo menos sempre é uma decisão.
Quando menos esperares, out of the blue cai-te um galão e uma torrada na mesa redonda de um daqueles cafés que em Londres não há. Sorve-o com deleite, besunta-te na manteiga da torrada e depois sorri-te. É que ainda te falta tanto, mas tanto tempo para andares chateada e indecisa... :)))) Começares mais cedo é un verdadeiro waste e faz-te rugas de velhinha no pescoço, daquelas que as inglesas começam a ter aos trinta anos. É tudo uma questão de imagnação.
Beijinho e get acquainted com o cenário rapidamente, nem que tenhas de ir comprar o tal baguinho de arroz...
:)

Sérgio said...

diria alguém
que não eu:
-bem dito!

Joao said...

Meia de leite e torrada pá mesa do fundo! Faxavor!

Filipa said...

Obrigada!!
As torradas ainda nao chegaram mas hoje fiz um guacamole fantastico para o almoço!! :D

125_azul said...

Ainda não bebeste o galão e já as torradinhas arrefecem...
Aqui também chove a potes! Beijinhos

Sinapse said...

Notting Hill, off Portobello Road, mais precisamente 57 Golborne Road ... Pastelaria Lisboa, torradas e pasteis de nata, café Delta ou Camelo (não sei bem), pacotes de açúcar vazios a pejar o chão, português profundo.

Se lá fores num Sábado de manhã, provar as torradas, depois diz-me se são boas ou uma miséria ...

Beijinhos,
Sinapse


p.s. - ... Alberto Caeiro descreve-me também (tão bem) ...

Filipa said...

Sinapse: vou l'a este fim de semana e depois conto!
bjs