Sao quase dez da noite de uma sexta-feira qualquer lá para o fim de outubro. Embora aqui já pareça o fim de Novembro. E que ninguém me venha falar do sol, do sacana do S. Martinho e do bikini que voltou a sair do armário.
Estou sozinha em casa, com uma "cosdipaçao" daquelas a ler o De la grammatologie de Derrida e a reflectir sobre aquilo que existe para além do texto. Neste momento, dou-lhe toda a razao: nao existe nada para além do texto. Eu sou este texto e manifesto-me através dele, embora as minhas palavras fiquem presas a mim mesma, seja em quer for.
Enfim, divagando novamente... dizia: estou fechada em casa, numa sexta-feira à noite, sozinha, a ler filosofia francesa, a beber chá e a ouvir o Pablo Casals a interpretar Bach com o seu tristissimo violoncelo.
- Nao, nao vou divagar sobre a palavra interpretar -
Oh Ceus! o que é feito de mim?!?
Oscilo entre o egoista e mesquinho prazer da especulaçao intelectual e abstracta e o enorme desejo de me transformar, assim do nada, num sucedaneo da Paris Hilton: cabelo arranjado, unhas pintadas, bronzeada, caezinhos pequeninos a saltar em cetins cor-de-rosa, carros lindos, festas fantasticas, sushi as toneladas, bollinger e coisas assim, bonitas. e levianas.
A felicidade é estupida. É uma tipa profundamente estúpida, mas muito... feliz!

Ah! Para quando a Barbie Filósofa, para quando?