Tuesday, November 13, 2007

Ceci c'est pas un pais ou a crise da BHV


A BHV parece ser outra daquelas doencas estranhas criadas pelas maravilhas do desenvolvimento tecnologico dos nosso anos recentes. Mas nao e’. Para alegria do pais (sim sim, voltei a escrever de um computador ingles sem acentos) das moules au frites, da godiva, leonidas e neuhaus – a sagrada trilogia do chocolate - e de tantas outras iguarias gastronomicas, a BHV e’ a principal responsavel pela ausencia de governo na Belgica, que anda a deriva politica ha mais de 150 dias. 30 e 30 sao 60, 60 e 60 120... ou seja, ha cerca de 5 meses. Ha muito portanto. E, tal como estao as coisas neste preciso instante, parece que as probabilidades de vivermos os ultimos momentos do pais europeu que viu nascer Herge, Brel, Magritte, tantos pintores maravilhosos e por ai fora, sao cada vez maiores.
Desde sempre que este pais tem vivido num equilibrio instavel entre uma Flandres que se tornou cada vez mais poderosa apos o declinio da industria pesada da parte francofona (Walloon como lhe chamam), que detem cerca de 60% da populacao belga, que e’ tradicionalmente de direita que se quer livrar a todo o custo da ligacao ao restante territorio francofono, onde o desemprego e o dobro da restante nacao. Por outro lado, a presente crise, gerada apos a subida ao poder do partido Democrata Cristao Flamengo, em Junho esta a conduzir a situacao belga ao limite. Uma das principais medidas do novo foi a reivindicacao do controlo dos impostos, seguranca social, economia, justica e imigracao.

Obviamente, nem mesmo os democratas cristaos francofonos, tradicionais aliados flamengos, poderam aceitar tais medidas. E dai nasceu o resto. E nasceu tambem a BHV, sigla de Bruxelles-Halle-Vilvoorde, o principal eleitorado do pais, uma minuscula regiao perdida na ja de si remota Flandres. Esta zona e’ constituida pelos habitantantes bilingues de Bruxelas (B) e de Halle e Vilvoorde (HV), que sao Flamengos. Contudo, os habitantes franceses de H e V votam pelos partidos francofonos em Bruxelas. Os Flamengos querem que H e V se separem de B, o que conduziria a perda do direito de voto de cerca de 150 000 eleitores em politicos francofonos. O que parece ridiculo, parece ser a questao essencial de toda esta polemica.

Desta vez, parece que o Obelix teria de inverter a sua tradicional frase e admitir que estes gauleses sao loucos. Ou Ceci c’est pas un pais, diria Magritte. Eu prefiro o Brel... e diria Ne me quitte pas...

1 comment:

francisco carvalho said...

E pensar que esse grave diferendo, essas preocupantes questões estão a passar a leste do manso quotidiano luso...

eu também cantaria com Brel.

beijos