Sunday, December 09, 2007

Running (very) Dry (from Ed Ruscha to Martin Creed)

Há coisas que não se podem dizer oficialmente nos mesquinhos circuitos da arte. É em momentos como este que agradeço à alminha caridosa que inventou os blogues, onde se pode dizer o que nos apetece e quem não gostar, que coma menos, que não volte. Ou que se revolte e me mande dar uma volta com as minhas opiniões.
Um artista bastante conhecido nos meandros lisboetas tem agora patente naquela que é a principal (até porque quase única) galeria portuguesa, a Cristina Guerra.
Um artista que tem um trabalho interessante, de repente, deu-lhe para fazer variações sobre um tema, e sobre um tema fraco, diga-se.
E encheu as paredes com a mesma frase, repetida à eternidade, até porque é uma repetição de si mesmo. A frase é: pen running dry, adaptada a cada uma dos marcadores 'carioca' que o pobre deve ter desde que andava na instrução primária.
Para além do total esvaziamento da obra, que dá mau nome, e pior ainda, má fama, a todas as prácticas conceptuais tão pouco queridas (por motivos e más interpretações como esta), há uma evidente declaração de pobreza nestas peças, e daí a minha irritação.
Pobreza, antes de mais, do artista, que decidiu pegar numa mesma forma (ou formula) e repeti-la em cores diferentes, para vender que nem paezinhos, sobretudo nesta altura do Natal, e já se sabe, os vídeos vendem pouco, os artistas são pobres miseráveis que se passeiam em carros de marca mais social do que carismática e por aí adiante.
Pobreza também, do próprio material, que exibe o seu canto do cisne, desperdiçado até à última gota num ainda maior desperdício de vontade artística.
Pobreza de ideias. Que já nem mesmo o humor, ironia ou chamemos-lhe o que nos apetecer, basta para disfarçar tamanha falta de vergonha.

1 comment:

francisco carvalho said...

A verdade é que os blogues foram a invenção perfeita para cidadãos livres e corajosos como tu.

(e digo isto desconhecendo sequer de que obra e artista estás a falar)

Meu abraço