O Imperio Contra-ataca
Eram para ai duas da manha. Eu lia Zizec e a sua intrepretacao delirante de Kant quando chegou um sms: 'estas despierta?'. Tive vontade de responder: 'Estou, mas nao para ti'. Nao o fiz, no final de contas sou incapaz de ser mazinha para as pessoas de quem gosto. Passados 5 minutos o telefone tocou e do outro lado veio um chorrilho de palavras, quase todas envolviam duvidas artisticas; producoes de neons, de textos em vinil; ideias mal concebidas que se arranjaram decentemente depois de uma longa conversa. Fiquei a saber que esta sol e calor em Londres e que, aparentemente isso se deve à minha ausencia (é bom sentir que alguém me ve todo-poderosa, com uma cunha especial no gajo la em cima que manda as nuvens de um lado para o outro). Mas que nem mesmo o bom tempo londrino conseguia impedir a vontade de passar um fim de semana em terras lusas, a qual foi afastada com uma enorme gargalhada que atras de si dizia 'nem penses nisso, fica longe'.
Fiquei tambem a perceber que a solidao também ataca os artistas conceptuais (algo tipo 'one and three lonesomes'?) e que a felicidade tem a forma de novas exposiçoes.
Desliguei e fiquei muito tempo a olhar para ontem (e a dar finalmente sentido a esta expressao!) e a pensar que o Império Contra-ataca sempre que estamos em vias de fortalecimento, mas que por vezes é exactamente neste contra-ataque mediocre e mal sucedido, quase desastrado que vemos pela primeira vez a nossa força, que se foi constuindo de mansinho, às escondidas, sem darmos por ela.
Depois voltei ao Zizec. E soube-me ainda melhor, ao sentir que era ali, mergulhada no meio daquelas paginas confusas e cuspidas, escritas com a mesma desenvoltura de quem fala, que eu queria estar e que a minha vida fazia sentido.
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