Felicidade à vista

Deixei Milão entre aos bichos, o que equivale a dizer, entregue ao mundo infernal dos designers e arquitectos que ocuparam a cidade durante estes dias do Salone del Mobile, e vim passar o fim de semana ao campo, a uma pequena aldeia perdida na Romagna profunda, entre as especialidades gastronómicas locais, como as piadine, a mortadela e outras delícias, os passeios pelo pinhal a colher rúcula e espargos selvagens (com os quais fiz um risotto maravilhoso) e a PRAIA!!
Este ano ainda não tinha tido um dia inteiro de sol e de calor, e a praia, essa ainda nem a tinha avistado de longe. Foi um prazer indescritível. Comovi-me quando vi toda a extensão de areia com o mar, enorme, ligeiramente ondulado ao fundo, quando senti a areia nos pés, quando vi conchas e buzios ao pé da rebentação. Foi um dia tão intenso, entre pinhal, praia, sol e comida boa que estou cansadíssima às 10 da noite, algo único.
Estou feliz. Há muito tempo que esta frase nem sequer poderia ser concebida, muito menos pronunciada. É estranho. Mas é verdade. Afinal, o tempo, os amigos e os ares do sul têm mesmo poderes regeneradores.